5 de set. de 2009

Amar - Carlos Drummond de Andrade

Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

3 comentários:

  1. Não sei se deveria dizer isso, mas que coisa mais linda esse poema!!!!

    Parabéns para quem o escolheu!!!

    Inté a proxima!!!

    PS: nem precisa assinar para vcs saberem quem escreveu este comentário, né!!!

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  2. hum...

    Mas quem será que escreveu esse comentário??!

    Não tenho nem idéia! huahauhua

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  3. Mas que p**** de site Machista é este???

    Poesia?? Isso é coisa de viadinho!

    Agora o Sofre virou point gay???

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