Bem, depois de um final de semana de objetivos frustrados por não conseguir acabar com o álcool do mundo, retornei ao mundo real e sóbreo. Retornei também a uma idéia que me fui colocado para pensar na sexta-feira por um amigo do trabalho: uma analogia das relações entre as pessoas e o futebol. Incomum não? Pois existe, e é bem interessante.
Alguns nerds como eu não processam muito bem o como as pessoas interagem em suas redes de convivência. E me refiro aqui a várias redes: familiar, amigos, profissional, etc.
Vamos a idéia. O futebol começa com a disputa de dois grupos diferentes que possuem como único objetivo marcar mais gols que o grupo adversário ganhando assim dinheiro e prestígio (fora outras coisas). Se olharmos a nossa volta observamos uma série de grupos, como por exemplo: grupos de interesses religiosos, de futebol, de leitura, de putaria, de bingo, e todo tipo de reunião por afinidade. Nos afirmamos e nos reconhecemos em um grupo, e de uma forma ou de outra favorecemos os integrantes deste em detrimento dos outros, e ainda defendemos este grupo, querendo sempre mostrar que esta maneira de viver é a melhor(ganhando assim do outro time). E isso pode ocorrer somente no fato de não aceitar como certa/verdadeira/importante a opinião do outro, ou em casos mais intensos agressões físicas ou prejuízos profissionais.
No futebol, para que o jogo se desenvolva, existem regras pré-determinadas. Para verificar o cumprimento destas, há em campo um agente regulador: o juiz. Este impede que, devido a necessidade de vitória, os competidores se matem em campo. Os grupos por afinidade também possuem um regulador: a moral. Bem, esta pode ser uma moral religiosa ou não, mas para mim é mais uma mistura das duas. Mas isto não é de suma importância pois, assim como no futebol, os grupos querem se dar bem de qualquer jeito e a tônica se resume então a enganar o regulador e conseguir de qualquer forma a vitória. Mas vejamos um grande ponto: se o regulador não vê, não tem julgamento. Como a moral somos nós, o que importa é se alguém vai ver ou não, e se ninguém ver não tem problema. No futebol, se o juiz não faz a marcação de uma infração, tudo correrá as mil maravilhas (como o gol de mão de Maradona na copa de 1986).
Dentro dos times existe uma pseudo união, muito útil para o desenvolvimento dos objetivos comuns. Mas claro, esta união é declarada acima de qualquer interesse, desde que não se haja intromissão no caminho de alguém. Nos grupos é igual. Todo mundo se ama e se adora, mas engraçado o como muita gente vive reclamando que se sente sozinho. As relações amorosas se encaixam bem neste item. Imagino hoje as pessoas como bens de consumo, e você me serve até que eu obtenha o prazer ou satisfaça alguma necessidade. Mas para se aproximar em uma relação amorosa com alguém são necessárias algumas afinidades, ou fingir te-las.
Fingir ter afinidades com pessoas de determinados grupos é algo bem comum entre nós. O que me remete ao drible, jogo de corpo e enganações no futebol (por que será que o Brasil é considerado o número um neste esporte?). Imagine não usar tal tática e falar tudo o que pensa e o que acontece ao seu conjuge. Sendo assim, um bem de consumo me é util enquanto me agrade. Mas aqui não precisamos pensar somente em relações amorosas, as relações de trabalho, familiares, etc, são como dribles. No trabalho estamos sempre bem e dispostos, o que realmente não condiz com a realidade; mas não faça tal jogo para ver se não arrumarás uma série de problemas de convivência. Inclusive, demorei a entender que um "Bom dia!" e um "como você está?" são somente palavras soltas e ditas a esmo (salvo algumas excessões). Para mim, a pior de todas é "está quente hoje, não?".
Para quem realmente vive a nossa jaula de ilusões, estas regras de conduta que temos não são tão fáceis de entender a primeira vista. A grande questão é que alguns das jaulas são curiosos demais para simplesmente ficarem parados com a boca cheia de dentes esperando a morte chegar. Bem, eu estou sempre com as minhas escapadas em mente. O ponto é que não dá para ficar fora da jaula o tempo todo, irão te classificar como insano. Agradeço ao Laureno (ELETRONORTE) por me apresentar esta idéia, sou grato pelo aprendizado.
Valeu a escapada da jaula!!! SOFRE DESGRAÇADO!!!
Kenneth
Obs.: Se alguém tiver mais analogias entre futebol e vida e quiser mandar, eu publico :).
9 de nov. de 2009
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